empresa ESG - POr onde começar?

Você já quis transformar sua empresa em uma empresa ESG? Se não, provavelmente você terá essa vontade nos próximos anos.

As exigências para que empresas se adequem a uma agenda sustentável, atendendo ao pilar ambiental, ao pilar social e ao pilar de governança, está vindo de todos os lados.

Para começar, segundo o Principles for Responsible Investing (PRI), em 2020 as 50 maiores economias do mundo já tinham mais de 700 políticas regulatórias ligadas a sustentabilidade. 20 anos antes, 97% delas sequer existiam.

Também em 2020, 36% dos ativos sob gestão no mundo já eram investidos seguindo algum critério ESG. 

Por fim, em estudo realizado pela Nielsen em 2015, 66% dos clientes estavam dispostos a pagar mais por produtos ESG em comparação a 33% em 2013. Com os millenials invadindo o mercado consumidor nos próximos anos, pode ter certeza que esse percentual aumentará.

Devido a este cenário, o texto a seguir se dedicará a apresentar como você pode transformar sua empresa em uma empresa ESG e com isso ter vantagens competitivas frente a outras empresas.

O que é ESG?

Antes de começar, gostaria de explicar o significado destas três letras. Se você já dominar o assunto, pode pular esta parte! 

ESG é a junção das letras iniciais das palavras environmental, social and governance (do inglês, ambiental, social e governança)

O conceito, surgido no começo dos anos 2000, é um frame – ainda amplo – por meio do qual o mercado financeiro passou analisar aspectos sustentáveis de empresas. Com o tempo, o frame saiu do mercado financeiro e foi adotado como padrão global.

Triple Botton Line

O “precursor” do ESG foi um conceito surgido na década de 90 chamado Triple Botton Line, também conhecido como “tripé da sustentabilidade”.

Segundo ele, uma boa gestão empresarial deveria ter foco na sustentabilidade de forma ampla, considerando aspectos sociais, ambientais e econômicos

Ou seja: o resultado financeiro positivo deveria estar atrelado ao bom uso de recursos naturais e sociais.

Quando o mercado financeiro incorporou a análise de fatores ambientais e sociais, a dimensão da “governança” passou a ser também considerada. Afinal, sem uma boa governança, não haveria permanência das boas práticas.

O surgimento do termo “ESG”

Foi neste contexto que surgiu o conceito de ESG. A sigla apareceu pela primeira vez em 2004, no relatório Quem se importa vence: conectando mercados financeiros a um mundo em mudança, do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) em parceria com o Banco Mundial

Segundo o estudo, empresas que têm um desempenho melhor em critérios ESG agregam mais valor aos seus acionistas e são mais competitivas em um mercado global, já que gerenciam melhor seus riscos e antecipam ações regulatórias

Também contribuem para o desenvolvimento sustentável dos lugares em que operam e para a resiliência do mercado financeiro como um todo.

A partir deste estudo, a ONU passou a atuar efetiva e decisivamente no crescimento do ESG pelo mundo, atraindo cada vez mais empresas e investidores.

O que cada letra quer dizer?

A agenda ESG ainda é ampla e carece de definições mais claras. Porém, neste post ESG: o que é e por que é importante para sua empresa? eu detalho um pouco melhor o significado de cada letra.

Ambiental: o primeiro pilar de sustentabilidade do ESG vai considerar elementos ligados ao meio ambiente, tais como biodiversidade, mudanças climáticas, poluição e recursos e segurança hídrica.

Já o pilar social leva em consideração temas ligados à sociedade, como responsabilidade com consumidor, saúde e segurança, direitos humanos e comunidade e normas de trabalho. Falo com mais detalhes dele em Social: tudo sobre o pilar “S” de ESG.

Por fim, no pilar de governança, assuntos relevantes são anticorrupção, governança corporativa, gestão de riscos e transparência fiscal. Você pode ler mais sobre este pilar em Governança: tudo sobre o pilar “G” de ESG.

O que é “empresa ESG?”

Antes de seguirmos, me permita pontuar mais uma coisa: o que chamo de “empresa ESG”. 

Uma empresa ESG, no meu entendimento, é aquela que tem uma estratégia de sustentabilidade em constante execução e atualização. 

Em outras palavras, é a que olha de forma constante para os pilares ambiental, social e de governança, colocando-os no centro da estratégia e considerando-os nas tomadas de decisão.

A diferença entre ser ESG e apenas se preocupar com ESG

Ai você me pergunta: mas será que toda empresa não é ESG? Afinal, qualquer empresa se preocupa, em algum nível, com questões ambientais, sociais e de governança para sobreviver.

Tenho certeza que sim. Mas ser ESG vai bem além disso.

Uma empresa ESG precisa diagnosticar temas materiais em entrevistas com stakeholders, identificar os mais importantes, construir uma estratégia a partir deles, implementar a estratégia e, por fim, relatar o avanço da estratégia em relatórios padronizados.

Se algum destes passos soou como “coisa de outro mundo” para você, não se preocupe. Logo mais vou detalhar cada um. 

Aqui, fui propositalmente breve, pois quis “apenas” mostrar que ser ESG nao é só questão de querer ou de estar fazendo alguma coisa social ou ambiental. 

Ser uma empresa ESG demanda metodologia e, principalmente, colocar a preocupação com sustentabilidade no centro da estratégia.

Vantagens competitivas de empresas ESG

Considero que ESG seja uma urgência para sua empresa. Apesar do Brasil estar atrasado nesta onda, ela – felizmente – vai crescer nos próximos anos e você deve se adequar o quanto antes.

Para defender porque acho ESG urgente, vou detalhar abaixo algumas vantagens competitivas de empresas que implementam a agenda ESG.

Melhores resultados financeiros

Diversos estudos apontam de forma bem clara: empresas sustentáveis performam melhor em longo prazo. 

Ou seja: empresas que logo descobrem quais questões ESG são mais estratégicas para seu negócio têm melhor desempenho do que seus concorrentes.

O ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial) da B3, que desde 2005 reflete o desempenho do conjunto de empresas mais sustentáveis da bolsa, mostra isso. Repare que, consistentemente, as empresas sustentáveis têm desempenho melhor: 

No total, a rentabilidade das empresas consideradas mais sustentáveis é de 240%, contra 224% da carteira formada pelas ações do índice Ibovespa.

Seria só coincidência? Um recorte pouco amplo? Segundo Robert Eccles, professor de Harvard, não. Ele acompanhou o desempenho de 180 empresas entre 1992 e 2010, sendo 90 delas consideradas sustentáveis e 90 não-sustentáveis. O resultado é que as sustentáveis tiveram desempenho financeiro consistentemente melhor.

Se para você a relação entre sustentabilidade e resultados financeiros é nebulosa, há alguns elementos que ajudam a clarificar. 

Empresas que adotam a agenda ESG têm, por exemplo, menor risco de multas, menos desperdícios e menor turnover. Tudo isso impacta custo e afeta o resultado.

Ou seja: falar de ESG é falar de resultados de longo-prazo.

Imagem e reputação da marca aprimoradas

Os millennials e a geração Z estão vindo aí e serão a grande força de consumo deste século. E eles vão exigir que sua empresa seja ESG.

Como eu disse na introdução deste texto, em pesquisa da Nielsen, 66% dos clientes relataram maior disposição para pagar por produtos amigáveis a ESG em comparação com 33% da mesma pesquisa em 2013

A disposição destas gerações em “consumir ESG” é tão grande que se reflete até nas suas decisões de investimento. 

Uma pesquisa da Morgan Stanley de 2019 mostrou que 95% dos millennials tinham interesse em investimentos sustentáveis.

Maior acesso a fontes de investimento

Se hoje 36% dos recursos sob gestão no mundo já são investidos seguindo critérios ESG, isso se deve à crescente mobilização de investidores. 

Para você ter uma ideia, o PRI, aliança global pelos investimentos ESG, cresceu 30% ao ano desde 2006, alcançando 3.000 membros em 2020.

Naquele mesmo ano, quase metade dos recursos da Europa já eram destinados exclusivamente a empresas ESG. Este percentual era de 25% nos EUA e assombrosos 63% na Austrália/Nova Zelândia. 

Esta é uma grande oportunidade para sua empresa. Se você fizer dela uma empresa ESG, terá acesso a fontes de investimento crescentes que possivelmente não estão ao alcance dos seus competidores. 

Um outro ponto importante neste item: Europa e EUA vêm endurecendo aspectos regulatórios ligados à sustentabilidade para empresas que pretendem abrir o capital em bolsa. 

Esta onda já chegou ao Brasil, a partir da resolução CVM 59, e promete ficar bem mais rígida nos próximos anos. 

Se você tem interesse em saber mais sobre ESG Investing, prática que vem crescendo no mundo todo, leia neste post de Investimentos ESG: o que é e como preparar sua empresa para atrair este capital.

Benefícios pessoais de ser um profissional ESG

Uma das consideráveis barreiras para o crescimento da agenda ESG pelo mundo é a falta de pessoas qualificadas e capacitadas no tema.

O boom da sustentabilidade data dos anos 90 e o próprio termo “ESG” surgiu apenas em 2004. Por isso, é natural que ainda não tenhamos fontes de informação, cursos e carreiras tão bem estabelecidos quanto em outros mercados mais consolidados.

Acredito que isso seja uma grande oportunidade e que valha a pena se capacitar já para este futuro mais sustentável.

Para ser mais claro, vou listar benefícios pessoais que você pode colher da decisão de se capacitar em ESG hoje:

Se você é um empresário

Caso você seja um empresário, se capacitar na agenda ESG é fundamental para fortalecer o seu negócio.

ESG está intrinsecamente ligado a gestão de riscos. Entender e implementar ESG é também olhar, sob outra ótica, possíveis riscos invisíveis para sua empresa e prepará-la para enfrentá-los.

Em 2014, por exemplo, uma fábrica da Coca-cola na Índia foi fechada porque acabou com os recursos hídricos da região e afetou a agricultura local. Este é claramente um risco ligado a ESG que foi ignorado pelo empresário responsável por levar a fábrica para a região. 

Num sentido oposto, se você estiver capacitado na agenda ESG, pode não só evitar riscos como esse, como aumentar a rentabilidade do seu negócio, diminuir o custo do capital e até aumentar o valor de uma futura venda.

Se você é um executivo

Acredito, de verdade, que num futuro próximo especialistas em sustentabilidade serão tão básicos quanto desenvolvedores são hoje para empresas de tecnologia.

E, talvez, tão raros.

Por isso, se você quer construir um diferencial para sua carreira, sugiro se capacitar na agenda ESG.

Como já mencionado mais de uma vez, as exigências regulatórias ligadas à sustentabilidade estão aumentando muito. Cada nova regulação aumenta também a pressão para que empresas contratem profissionais que as auxiliem a se adequar.

Outro movimento que gerará essa pressão de demanda por profissionais ligados à sustentabilidade serão as exigências de investidores. Como também citado mais de uma vez por aqui, num futuro próximo será necessário cumprir critérios ESG para acessar capital. E empresas pagarão caro para ter profissionais que possibilitem este acesso

Poderia me estender por muitos parágrafos aqui, mas acredito que já tenha ficado claro que, num futuro próximo, ser um especialista em ESG será um ativo significativo para sua carreira. Por isso, comece já a se capacitar!

Se você é um investidor

Se você investe o dinheiro de outras pessoas, provavelmente busca o melhor retorno financeiro possível. Por isso, é fundamental se especializar na agenda ESG.

Estudos já citados comprovam que empresas sustentáveis alcançam melhores resultados de longo prazo. Maior clareza sobre riscos, menor custo de capital, menor turnover, etc. fazem destas empresas mais rentáveis e previsíveis.

Considerando isso, é fundamental que você tenha as ferramentas necessárias para atestar se uma empresa é realmente sustentável. Como os relatórios de sustentabilidade ainda são pouco padronizados, você precisará ter uma lente apurada e treinada para perceber quais são as empresas realmente sustentáveis e quais são aquelas que têm práticas de sustentabilidade descoladas da sua estratégia e por vezes até enganosas.

Por isso, ser um investidor capacitado em ESG é ser um investidor que coloca ao seu lado maiores chances de sucesso nos investimentos!

Passo-a-passo para iniciar a jornada ESG da sua empresa

Para começar, repare que usei o termo “jornada” de forma consciente. Transformar sua empresa em ESG é um caminho de muitos passos.

Já conversei com algumas empresas que queriam implementar ESG no modo easy. Uma, por exemplo, queria escolher projetos sociais para apoiar – sem nem saber se aquilo fazia algum sentido numa estratégia de sustentabilidade.

Isso, vai por mim, não é implementar ESG. Porque implementar ESG no modo easy não existe

É uma jornada e tem metodologia.

Devido a esta complexidade, acredito que você precisará de um guia especializado nesta jornada. Você pode ter esse guia já dentro da sua empresa. Caso não tenha, gostaria de te lembrar que estamos aqui para te apoiar caso você queira implementar ESG na sua empresa no modo real. 

A Norte tem experiência, metodologia e pode te assessorar em cada uma das etapas – do diagnóstico ao relatório.

Falando nas etapas, vou me aprofundar agora em cada uma delas:

Passo 1: identifique questões materiais

O primeiro passo para fazer da sua empresa uma empresa ESG é priorizar. 

A agenda ESG é ampla e contempla assuntos tão diversos quanto relação com acionistas e gestão de resíduos sólidos. 

Por isso, a priorização é fundamental.

Mas como priorizar? Simples: entendendo quais são os temas materiais da sua empresa. 

Entenda “materiais” como “relevantes”. Sempre que eu falar “materialidade” me refiro, assim, à “relevância”.

Neste passo, portanto, você deve identificar as questões materiais da sua empresa na ampla agenda ESG. E deve fazer isso ouvindo.

Como identificar a materialidade?

A materialidade jamais deve ser definida a partir da alta liderança ou de um pequeno comitê. 

Na verdade, não deve ser definida por ninguém específico. A materialidade deve ser identificada a partir da escuta de stakeholderes internos e externos.

Uma longa lista de variados stakeholders deve ser ouvida a partir de um questionário padronizado. Este questionário deve conter perguntas, com respostas simples, sobre questões da ampla agenda ESG. 

Serão as respostas a estas perguntas que indicarão os próximos passos.

Obs: a nova diretiva da Comissão Europeia sobre relatórios corporativos reconhece o conceito de “dupla materialidade”, defendendo que a materialidade deve levar em conta os riscos para empresas e investidores, mas também para pessoas e o planeta. 

Produzindo a matriz de materialidade

Com as respostas para estas questões, é hora de estabelecer prioridades. 

As respostas devem ser colocadas em uma matriz que prioriza os temas apontados como mais relevantes. Veja abaixo o exemplo da matriz de materialidade da Nestlé:

ESG: Matriz de Materialidade da Nestlé

Aqui um outro exemplo de matriz de materialidade, retirado do relatório de sustentabilidade da TIM. Repare que esta matriz associa diretamente a materialidade aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODSs) da ONU (sobre os quais falarei logo mais):

ESG: Exemplo de Matriz de Materialidade da TIM

 

Passo 2: Estabeleça metas concretas

Você verá que a matriz será uma poderosa ferramenta de priorização. Ela aponta temas de interesse dos stakeholders que também são prioritários para a empresa. É nestes que você deve se concentrar.

Aqui um cuidado: selecione entre 3 e 5 temas materiais, não mais que isso. Diversas estratégias de sustentabilidade erram ao tentar abraçar múltiplos temas, que são desenvolvidos de forma marginal pela empresa. Foque no que é importante.

Selecionados estes temas, você deverá definir metas concretas para cada um. Para ajudar neste ponto, alguns exemplos:

Environmental (ambiental)

  • Diminuir em 30% a emissão de carbono até 2030
  • Diminuir em 40% a geração de resíduos sólidos até 2030
  • Utilizar apenas embalagens retornáveis ou recicláveis até 2025

Social

  • Ter 50% dos postos de liderança ocupados por mulheres e por pessoas negras até 2025
  • Zerar a ocorrência de acidentes de trabalho até 2025
  • Tirar 200 mil pessoas da linha da pobreza nas zonas de influência da empresa até 2025

Governança

  • Ter 100% das pessoas em cargos de liderança treinados em temáticas anticorrupção até o fim do ano
  • Definir o procedimento a ser adotado em casos de conflito de interesse até o fim do ano
  • Estabelecer a política antitruste da companhia até o fim do ano

Agenda 2030 e as metas

Um bom ponto de partida para o estabelecimento de metas, além da matriz de materialidade, é a Agenda 2030 da ONU

A Agenda 2030 estabelece 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). Cada um destes objetivos têm metas que precisam ser alcançadas para que o objetivo seja concluído. As metas levam em conta dimensões econômica, social e ambiental.

A agenda 2030 da ONU: 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Passo 3: Envolva todos os departamentos da companhia, incluindo a alta hierarquia

Uma vez que a materialidade esteja resolvida, chegamos no passo em que muitas estratégias de ESG naufragam: a implementação.

Por isso, te recomendo dois cuidados importantes:

  1. Defina quem será responsável pela implementação da estratégia de ESG na empresa. O recomendado é que exista um comitê de sustentabilidade, ativo e diverso, com mandato de implementar as estratégias e atingir as metas.
  2. Crie metas para todas as áreas, sendo estas metas relacionadas com a estratégia central da empresa. A estratégia de ESG não deve ser um mundo à parte sobre o qual só se ouve falar de tempos em tempos. Pelo contrário. Há empresas, inclusive, que atrelam os bônus ao alcance de metas ESG. É uma forma clara e objetiva de comunicar para todas as pessoas que ESG é um tema central.

Passo 4: Utilize métricas para a avaliação do resultado obtido e elabore relatórios de sustentabilidade

Uma das inegáveis barreiras para o desenvolvimento da agenda ESG no mundo é a falta de métricas padronizadas de avaliação. 

Como potenciais investidores podem ter acesso à execução da estratégia? As informações estarão dispostas de forma fácil?

Métricas ESG

O desenvolvimento de métricas é fundamental para que as políticas de ESG deixem de ser apenas boas ideias no papel e ganhem corpo, combatendo práticas como o greenwashing e o socialwashing

Uma forma possível, embora contestável, de avaliar o desenvolvimento da agenda ESG em uma empresa é por meio de agências de avaliação (rating). Elas usam os dados disponíveis para classificar o desenvolvimento de uma determinada empresa, seguindo critérios padronizados. Algumas dessas agências são a MSCI, Sustainalytics e a Fitch Ratings

Índices de bolsas de valores também podem trazer informações sobre os compromissos ESG de empresas listadas, como é o caso do Índice de Sustentabilidade Empresarial da B3, a bolsa de valores oficial do Brasil.

A crítica a este modelo de rankings é que a implementação de uma estratégia de ESG é muito particular de cada empresa. Pela amplitude da agenda, temas fundamentais para uma podem não ter nenhuma relevância para outra. Assim, como medir com uma mesma régua contextos tão variados?

Produção de relatórios

Por fim, é FUNDAMENTAL produzir relatórios de qualidade e padronizados com o resumo do desenvolvimento da estratégia.

Em um curso sobre ESG, vi um professor sendo enfático ao dizer que, segundo estudos, 80% dos relatórios de sustentabilidade são ruins e insuficientes. 

Isso nos motivou, inclusive, a fazer este post sobre relatórios de sustentabilidade: o que é, exemplos e como fazer.

Não sei se o dado procede nem qual a métrica que apontou esta insuficiência, mas fato é que a enorme maioria dos relatórios que já li não cumpriam o papel de informar.

Ou não traziam dados objetivos ou apresentavam uma quantidade de informações desproporcional ou, ainda, não obedeciam a princípios de relato básicos.

Assim, neste ponto é importante que seu relatório seja curto, apresente apenas o necessário e, principalmente, siga padrões internacionais.

Um dos padrões mais seguidos e aceitos internacionalmente para este tipo de relatório é o da Global Reporting Initiative. Também conhecido como “Relatório GRI”, ele comunica de forma customizada e simplificada como está sendo desenvolvida a agenda ESG na empresa. 

Falamos melhor neste post sobre relatório GRI: o que é, como fazer e como usar na prática.

Como se capacitar em ESG

Imagino que, se você chegou até aqui, tenha interesse em saber como se capacitar em ESG.

Tenho uma notícia ruim e uma boa para você. A ruim é que ainda há pouco material de estudo em português – e o que tem disponível muitas vezes não alcança a profundidade desejada.

A boa é que fiz uma compilação do que existe – incluindo a literatura BEM mais vasta em inglês, para que você possa estudar:

Cursos

Neste item consigo te ajudar bem, pois eu mesmo busquei cursos para fazer.

O curso que fiz foi Gestão ESG: Sustentabilidade e Negócios, do Insper. 

Achei bom. Para mim ficou claro que várias aulas eram “recicladas” de outros cursos – o que mostra como a produção de conhecimento específico em português engatinha. 

Porém, algumas aulas específicas e, principalmente, a amplitude da abordagem, foram muito úteis para que eu pudesse dar um salto de conhecimento.

Outro curso bastante comentado é este de Curta Duração em ESG na Prática da Fundação Getúlio Vargas. Um ponto de atenção é que este parece ter conteúdos mais voltados para a área jurídica.

Certificação

Aqui também consigo falar com certa propriedade. 

A certificação em ESG Investing do CFA Institute foi uma grata surpresa, devido ao material de estudo. 

A longa apostila, que você tem um ano para ler antes da prova, conseguiu sistematizar os conceitos de ESG para mim. E esta sistematização vinha sendo uma dificuldade nas minhas pesquisas.

Muitos dados e gráficos que uso nos textos, inclusive, vêm de lá.

Uma outra certificação que fizemos foi a das normas e padrões GRI para o Relato de Sustentabilidade de acordo com as normas revisadas em 2021, da Bridge3. 

Também é muito boa e tem um caráter mais específico para o entendimento na criação de relatórios de sustentabilidade, desde a parte técnica dos cadernos GRI até o entendimento de uso dos relatórios GRI.

Fontes de artigos

Uma biblioteca que tenho utilizado muito – na verdade ela até me causa certa agonia devido ao tamanho – é a da Fama Investimentos.

A Fama é uma gestora que ja citei em alguns artigos, referência hoje em ESG. Eles montaram uma biblioteca virtual com variados artigos e textos que podem ser consultados a qualquer momento. 

Minha dica, aqui, é entrar lá com algum objetivo. Como disse, tem muito material relevante junto.

Outra ótima fonte de insights é a Harvard Business Review, que traz uma infinidade de artigos. Novamente, a dica é buscar com foco. Uma forma que utilizo muito é botar no google “Harvard Business Review (assunto)”. Normalmente os textos são bem interessantes.

Outras newsletters que seguimos e sempre trazem assuntos relevantes que  compartilhamos por aqui nos nossos textos são:

Podcast

A primeira fonte de informações que fui buscar sobre ESG foram os podcasts. Entre muita coisa duvidosa, encontrei entrevistas do Fabio Alperowitch, da Fama Investimentos, cujo Linkedin, inclusive, também vale a pena.

Ele é muito didático e, por ser investidor e não executivo de empresa, fala de um lugar mais imparcial.

Podcasts de executivos de empresas me ajudaram também, mas compreensivelmente eles se colocam no papel de “defensores” da empresa.

Materiais Norte

Estamos criando aqui um dos grandes repositórios de informações sobre ESG em português. Aproveite nossos materiais.

Temos artigos sobre os pilares ambiental, social e de governança da agenda ESG, sobre investimentos ESG e sobre relatórios.

Também temos um ebook que você consegue baixar, com uma trilha detalhada de implementação desta agenda.

Por fim, ficamos à disposição para projetos customizados, como consultorias, mentorias, palestras ou mesmo cursos específcos para o seu público.

Palavra final

Lembra que, 30 anos atrás, internet era uma opção, não uma obrigação? Naquele contexto, os desenvolvedores eram profissionais requisitados apenas por um nicho. 

Hoje a internet é como a água e desenvolvedores estão em falta.

Acredito que assim será com sustentabilidade no futuro. As crises de clima e de biodiversidade que fatalmente enfrentaremos nos próximos anos levarão a um enrijecimento do ambiente regulatório ligado a ESG, que condicionará o fluxo de capitais.

Neste contexto, empresas precisarão colocar sustentabilidade nas suas estratégias e profissionais do ramo irão para o centro do palco.

Assim, um conselho: se antecipe a essa tendência e comece a se capacitar HOJE. 

Seja você empresário, executivo, investidor ou apenas um amante do tema, este é o tipo de conhecimento que alavancará sua carreira e te colocará em outro patamar.

E, lembre-se, estamos aqui para te assessorar neste processo. Faça contato conosco que teremos prazer em te ajudar nesta jornada pessoal e profissional de ESG!

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